Home office pode chegar a 22,7% das ocupações nacionais, aponta estudo do Ipea
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que a migração do trabalho presencial para o home office ou teletrabalho poderá ser adotada em 22,7% das ocupações nacionais, alcançando mais de 20 milhões de pessoas. Isso colocaria o país na 45ª posição mundial e no 2º lugar no ranking de trabalho remoto na América Latina.
O home office foi uma das medidas adotadas pelas empresas diante da adoção do distanciamento social para conter a pandemia de Covid-19. Segundo o Ipea, o modelo, que agora ganha visibilidade, não é novo e tem grande potencial de crescimento em muitos países.
A análise por estados do país revela desigualdades regionais. O maior potencial de teletrabalho foi identificado no Distrito Federal, onde 31,6% dos empregos podem ser executados de forma remota (em torno de 450 mil pessoas). Na sequência vêm os estados de São Paulo (27,7% dos empregos, aproximadamente 6,1 millhões de pessoas) e Rio de Janeiro (26,7%, ou pouco mais de 2 milhões de trabalhadores). O Piauí é o que apresenta o menor potencial de teletrabalho (15,6% das atividades, ou cerca de 192 mil pessoas).
Ranking dos estados em percentual de teletrabalho potencial:
- Distrito Federal: 31,5%
- São Paulo: 27,7%
- Rio de Janeiro: 26,7%
- Santa Catarina: 23,8%
- Paraná: 23,3%
- Rio Grande do Sul: 23,1%
- Brasil: 22,7%
- Espírito Santo: 21,8%
- Roraima: 21,0%
- Tocantins: 21,0%
- Rio Grande do Norte: 20,9%
- Goiás: 20,4%
- Minas Gerais: 20,4%
- Mato Grosso do Sul: 20,3%
- Paraíba: 19,8%
- Sergipe: 19,4%
- Amapá: 19,1%
- Acre: 19,0%
- Ceará: 18,8%
- Pernambuco: 18,8%
- Bahia: 18,6%
- Mato Grosso: 18,5%
- Alagoas: 18,2%
- Amazonas: 17,7%
- Maranhão: 17,5%
- Rondônia: 16,7%
- Pará: 16,0%
- Piauí: 15,6%
A pesquisa analisou 434 ocupações e indica que um quarto das atividades poderiam ser realizadas remotamente. Os grupos com maiores probabilidades de teletrabalho são os de profissionais de ciências e intelectuais, diretores e gerentes e técnicos e profissionais de nível médio. Por outro lado, trabalhadores da agropecuária, da caça e da pesca e militares possuem os menores potenciais de teletrabalho.
“Se a ocupação envolve trabalho fora de um local fixo e operação de máquinas e veículos ela é considerada como não passível de teletrabalho”, explica o pesquisador do Ipea Felipe Martins.
Veja abaixo:
- Diretores e gerentes: 61%
- Profissionais das ciências e intelectuais: 65%
- Técnicos e profissionais de nível médio: 30%
- Trabalhadores de apoio administrativo: 41%
- Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados: 12%
- Trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios: 8%
- Trabalhadores qualificados da agropecuária, florestais, da caça e da pesca: 0%
- Operadores de instalações e máquinas e montadores: 0%
- Ocupações elementares: 0%
- Membros das Forças Armadas, policiais e bombeiros militares: 0%
Na análise internacional, Luxemburgo tem a maior proporção de teletrabalho entre os 86 países avaliados (53,4% dos empregos). No final do ranking aparece Moçambique (5,24%). Dentre os 9 países da América Latina que constam no estudo (Brasil, Bolívia, Chile, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México e Panamá), o Chile apresenta a maior participação de teletrabalho (25,74%). Nessa relação de países, o Brasil ocupou a 45ª posição, com 25,65% de teletrabalho. O gráfico abaixo mostra os 10 maiores países em participação de teletrabalho:
Fonte: G1